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ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS E
LINGUÍSTICA
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RELATÓRIO
DAS ATIVIDADES DO BIÊNIO 2012-2014
GRUPO
DE TRABALHO “DESCRIÇÃO DO PORTUGUÊS” (GTDP)
Coordenadora: Profa. Dra. Mariangela
Rios de Oliveira (UFF)
Vice-coordenador: Prof. Dr. Sebastião
Carlos Leite Gonçalves (UNESP/SJRP)
INTRODUÇÃO
Este relatório refere-se às
atividades do GTDP relativas ao biênio 2012-2014 e toma por base o planejamento
definido em assembleia de seus membros, realizada no ENANPOLL, em Niterói, RJ,
em 2012, e a reunião geral do GTDP ocorrida entre os dias 9 e 10/06/2013,
durante o XXIX Encontro da ENANPOLL, realizado na UFSC, Florianópolis, conforme
divulgação prévia aos membros do GTDP. O presente relatório estrutura-se com
base nos seguintes pontos abordados na reunião do GTDP:
1. Relatório bianual,
com os seguintes pontos:
1.1.
Recadastramento bianual do membros do GTDP;
1.2.
Mapeamento de áreas temáticas de pesquisa do GTDP;
1.3.
Levantamento de temas de interesses comuns interGTs;
1.4.
Atividade planejada e não realizada;
1.5.
Criação do blogue do GTDP;
1.6.
Funcionamento do GTDP no XXIX ENANPOLL.
2. Apresentações
individuais dos membros do GTDP no XXIX ENANPOLL
3. Reunião de
Coordenadores de GT durante o XXIX ENANPOLL
4. Rumos e perspectivas do
GTDP: planejamento para o biênio 2014-2016, com os seguintes
pontos:
4.1.
Aprimoramento e dinamização do blogue;
4.2.
Proposta de participação mais ativa de pós-graduandos junto ao GTDP;
4.3.
Formas de articulação com outros GTs;
4.4.
Sugestões de projeto(s) para o novo biênio;
4.5.
Visibilidade ao trabalho do GTDP e formas de articulação e de divulgação da
produção intelectual;
4.6.
Eleição dos novos coordenadores do GTDP para o biênio 2014-2016.
Passa-se, então, ao detalhamento de cada
um desses pontos.
1. Relatório do biênio 2012-2014
1.1. Recadastramento bianual dos
membros do GTDP
Com
base no art. 2o. das normas
para a constituição e funcionamento dos Grupos de Trabalho (GTs) da ANPOLL, a
primeira tarefa desta Coordenação foi proceder ao recadastramento de seus
membros. Para tanto, partiu-se da listagem dos pesquisadores registrados no
XXVIII ENANPOLL.
Como critérios usados para tal fim,
procede-se da seguinte forma:
a) Contato com os membros e consulta
sobre o interesse em continuar a atuar no GTDP;
b)
Confirmação de sua vinculação acadêmica: se
membro de corpo docente ou pós-doutorando de programa de pós-graduação stricto sensu;
c)
Pedido de informações sobre três quesitos:
c1) Áreas de trabalho na pesquisa do português; c2) Fundamentos teóricos de
pesquisa; c3) Temas de interesse na interface com os GTs de Cognição e
Linguística de Texto e Análise da Conversação (com os quais o GTDP vem
dialogando e interagindo há algum tempo)
A
partir das respostas à consulta referida, atualizou-se a lista dos membros do
GT, recadastrando-se 31 pesquisadores, abaixo referidos:
1. Ana Maria Costa de
Araujo Lima (UFPE)
2. Angélica Rodrigues
(UNESP/Arar)
3. Ataliba Teixeira de
Castilho (USP / UNICAMP)
4. Bosco Figueiredo
Gomes (UERN)
5. Camilo Rosa da Silva
(UFPB)
6. Edvaldo Balduíno
Bispo (UFRN)
7. Erotilde Goretti
Pezatti (UNESP/SJRP)
8. Flávia Hirata-Vale
(UFSCar)
9. Gisele Cássia de
Sousa (UNESP/SJRP)
10. Ivo do Rosário (UFF)
11. Janice Helena Chaves
Marinho (UFMG)
12. José Romerito (UFRN)
13. Juliano Desiderato
Antônio (UEM)
14. Marcelo Módolo (USP)
15. Márcia Teixeira
(UFC)
16. Margarida Basílio
(PUC-Rio)
17. Maria Angélica
Furtado da Cunha (UFRN)
18. Maria Beatriz Decat
(UFMG)
19. Maria Elizabeth
Fonseca Saraiva (UFMG)
20. Maria Célia
Lima-Hernades (USP)
21. Maria Helena de
Moura Neves (UNESP/AR - UPM)
22. Maria Luiza Braga
(UFRJ)
23. Mariangela Rios de Oliveira (UFF) -
coordenadora
24. Marize Hatnnher
(UNEPS/SJRP)
25. Nilza Barrozo Dias
(UFF)
26. Oto Araújo Vale
(UFSCar)
27. Patrícia Cunha
(UFJF)
28. Roberto Gomes
Camacho (UNESP/SJRP)
29. Sebastião Carlos Leite Gonçalves (UNESP/SJRP) –
vice-coordenador
30. Taísa Peres de
Oliveira (UFMS)
31. Vânia Cristina
Casseb-Galvão (UFG)
1.2. Mapeamento e definição das áreas
temáticas do GTDP
Contemplando
uma das deliberações mais fundamentais aprovadas em assembleia, a Coordenação,
a partir de consulta aos membros do GTDP, chegou à fixação de três eixos
temáticos, em torno dos quais se desenvolvem projetos de descrição e análise da
língua portuguesa. Deve-se destacar que tais eixos são campos mais gerais, que
por vezes podem admitir interseções, uma vez que a pesquisa desenvolvida
contemple interfaces em mais de um eixo.
De
todo modo, em termo de organização do trabalho interno do GT, para o biênio
2012-2014, os 31 membros recredenciados vincularam-se às seguintes áreas
temáticas, conforme se apresenta:
Área 1: Análise gramatical e discursiva
1.
Ataliba
de Castilho
2.
Bosco
Figueiredo Gomes
3.
Camilo
Rosa da Silva
4.
Erotilde
Pezatti
5.
Janice
Helena Marinho
6.
José
Romerito
7.
Juliano
Desiderato Antônio
8.
Márcia
Teixeira
9.
Maria
Helena de Moura Neves
10.
Marize
Mattos Dall'Aglio-Hattnher
11.
Oto
Araújo Vale
12.
Roberto
Gomes Camacho
Área 2: Análise construcional
1.
Angélica
Rodrigues
2.
Margarida
Basílio
3.
Maria
Angélica Furtado da Cunha
4.
Maria
Célia Lima-Hernandes
5.
Maria
Elizabeth Saraiva
6.
Mariangela
Rios de Oliveira
7.
Patrícia
Cunha
8.
Vânia
Casseb-Galvão
Área 3: Vinculação oracional
1.
Ana
Maria Costa Lima
2.
Edvaldo
Balduíno Bispo
3.
Ivo
do Rosário
4.
Flávia
Hirata
5.
Gisele
Cássia Sousa
6.
Marcelo
Módolo
7.
Maria
Beatriz Decat
8.
Maria
Luiza Braga
9.
Nilza
Barrozo Dias
10.
Sebastião
Carlos Leite
11.
Taísa
Peres de Oliveira
1.3. Levantamento de temas de
interesse inter GTs
Respondendo
a outra deliberação da última assembleia do GTDP, a Coordenação procedeu ao
levantamento e mapeamento dos temas de interesse dos pesquisadores que têm
afinidade com os de dois outros GTs – o de Cognição e o e Linguística do Texto
e Análise da Conversação. Esse mapeamento tem por objetivo refinar a parceria
já existente entre os três GTs, de modo a aprimorar encontros e diálogos, com vistas a trabalhos futuros. Aos
coordenadores dos GTs referidos foi enviado esse levantamento, dos quais se
aguarda ainda levantamento semelhante. Apresentam-se na sequência os temas de
interesse dos membros do GTDP para o estabelecimento de possível diálogo entre
os três GTs:
Temas apresentados ao GT Cognição
·
Categorização
linguística
·
Teoria
dos protótipos
·
Metaforização
·
Metonimização
·
Gramática
de construções
·
Espaços
mentais e frames
Temas
apresentados ao GT Linguística de texto e análise da conversação
·
Processos
de (re)textualização
·
Relações
textuais, discursivas e retóricas
·
Gêneros
discursivos
·
Sequências
textuais
·
Mecanismos
de referenciação
1.4. Atividade planejada e não
realizada
Conforme
acordado na reunião entre os GTDP, o GT de Cognição e o GT de Linguística de
texto e Análise da Conversação, realizada em julho de 2012, durante o XXVIII
ENANPOLL, deveria ter sido realizado o II Encontro INTERGTS, reunindo
pesquisadores desses três grupos, em novembro de 2013, na UFRN. A Comissão
organizadora para realização do evento ficara assim constituída: Edvaldo
Balduíno Bispo, Maria Angélica Furtado da Cunha, Maria Helena de Moura Neves e
Marize Mattos Dall'Aglio-Hattnher, responsáveis pela
proposta de programação do evento.
Em
vista de a troca de levantamento de interesses referido na seção 1.3 não ter
sido realizada pelos dois outros GTs, o II Encontro InterGTs tornou-se inviável
e não foi realizado, portanto.
1.5. Criação de blogue do GTDP
Tendo
em vista a falta de recursos financeiros com que atuam os GTs e o processo de
mudança de coordenação, via de regra, a cada dois anos, a atual Coordenação
procedeu à criação de um blogue do GTDP, com informações de interesse de seus
membros, de modo a facilitar, para futuras coordenações, a manutenção e a
continuidade da divulgação relativas ao funcionamento do GTDP.
Conforme
definido em proposta divulgada aos membros do GTDP, o blogue contém seções
acerca: do histórico do GT, desde sua criação, relatórios e planejamentos do
GT, relação atualizada de seus membros, com linque para currículo Lattes e
distribuição por áreas temática, linques para os principais Programas de PG aos
quais os membros do GTDP se vinculam, linques para as principais associações e
agências de fomento etc. A seção de divulgação de trabalhos acadêmicos ainda
não foi implementada no blogue.
1.6. Funcionamento do GTDP
no XXIX ENANPOLL
Visando a atender mais ao perfil do
ENANPOLL e às necessidades acadêmicas dos membros do GTDP, a coordenação do GT
apresentou, e foi acatada por unanimidade pelos membros participantes do XXIX
ENANPOLL, um novo formato para as apresentações de seus membros, com base no
roteiro seguinte roteiro:
Roteiro
para apresentação individual dos membros do GT
1. Pesquisa(s)
atualmente desenvolvida(s).
2. Inserção da pesquisa
no programa de pós-graduação em que atua: área do programa, linha(s) de
pesquisa e disciplina(s).
3. Grupos de que
participa ou com que tem interlocução (regionais, nacionais e estrangeiros)
4. Repercussão na área
I: Recursos humanos formados e em formação
5. Repercussão na área
II: divulgação e aproveitamento de resultados - eventos e produção intelectual
6. Rumos e perspectivas
de trabalho para o próximo biênio – eventos, publicações e parcerias
7. Problemas e
dificuldades acadêmico-administrativos enfrentados
Foi
sugerido pelos membros do GT que esse novo formato seja mantido para os
próximos encontros, uma vez que, por meio dele, foi possível dar a conhecer a
todo GT a real inserção de seus membros em seus respectivos programas de PG.
2. Apresentações dos membros do GTDP
no XXIX ENANPOLL
Para o XXIX ENANPOLL, foram
submetidos ao GTDP 18 propostas de apresentações de trabalhos, das quais foram
reprovadas quatro: duas por se tratarem de trabalhos de doutorandos e duas por
serem de autores não cadastrados no GTDP. Dos 14 trabalhos aprovados, agrupados
em três sessões, por áreas temáticas, como apresentado no quadro a seguir, um
não foi apresentado, o que permitiu ao GTDP antecipar sua reunião geral,
inicialmente marcada para o dia 11/06, às 8h00, para 10/06, às 15h30, tendo em
vista a remarcação de viagens, por parte de companhias aéreas, de vários dos
membros presentes.
2a.
feira – 9/06
|
3a.
feira – 10/06
|
|
Livre
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Sessão 1: Análise
Gramatical e Discursiva (continuação)
8h00:
Roberto Camacho (UNESP)
8h30: José Romerito Silva (UFRN)
Sessão 2: Vinculação oracional
9h00:
Edvaldo Bispo
9h00:
Sebastião C L Gonçalves
9h30: Ivo Rosário
|
|
Sessão 1: Análise
Gramatical e Discursiva
14h00:
Márcia Nogueira (UFC)
14h30:
Juliano D. Antonio (UEM)
15h00:
Janice Marinho (UFMG)
15h30:
Erotilde Pezatti (UNESP)
16h00:
Camilo Rosa Silva (UFPB)
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Sessão 3: Análise
Construcional
14h00:
Vânia Casseb Galvão (UFG)
14h30:
Maria Angélica F Cunha (UFRN)
15h00: Mariangela Rios (UFF)
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2.1. Resumos dos trabalhos
apresentados
O
resumo dos trabalhos inscritos para apresentação segue abaixo, obedecendo-se a
ordem em que foram inscritos.
1. Sebastião
Carlos Leite Gonçalves (UNESP)
Título:
Trabalhos de descrição do português: por uma abordagem funcionalista do
alçamento
Resumo: Este trabalho tem duplo propósito:
oferecer um panorama geral das pesquisas que venho desenvolvendo, nos últimos
anos, sobre a descrição do português, e exemplificá-lo com um tema específico
de minhas investigações atuais. Dentro do primeiro propósito, minhas pesquisas
integram dois eixos temáticos. O primeiro aborda a articulação de orações, sob
perspectiva da gramaticalização, e dele derivam trabalhos de dissertações/teses
(GONÇALVES, 2001, 2003, 2009, 2011, 2012; FORTILLI, 2013; MAZZA DA SILVA, 2013;
GONÇALVES e ANDRADE, 2013; ANDRADE, 2012, LIMA-PARREIRA, 2013, ROBUSTE, 2013) e
trabalhos em parceria (GONÇALVES, SOUSA e CASSEB-GALVÃO, 2008; GONÇALVES, SOUSA
e DALL’ÁGLIO HATTNHER,
2012, 2013; SOUSA e GONÇALVES, 2012; GONÇALVES e SOUSA, 2013). Na interface gramaticalização/variação,
o segundo eixo temático integra trabalhos envolvendo fenômenos variados, tais
como categorias do complexo TAM (FONSECA, 2010; FERNANDES, 2010; GONÇALVES e Ko
FREITAG, 2011; GONÇALVES, inédito; NOGUEIRA, 2011), marcadores discursivos
(GUERRA, 2007; SIMÕES, 2009), regra variável de concordância verbal, de
alternância pronominal e de uso de preposições em complementos locativos de
verbos de movimento (RUBIO, 2008, 2012; GONÇALVES e RUBIO, 2011; RUBIO e
GONÇALVES, 2012; WIEDEMER, 2013). Voltando-se para o segundo dos meus
objetivos, exemplifico esse panorama geral com a descrição de um fenômeno
integrado ao primeiro eixo temático: o alçamento de constituinte argumental,
fenômeno que, de modo geral, tem sido mais explorado por formalistas (POSTAL,
1974; PERES e MÓIA, 1995; MARTINS e NUNES, 2005; KATO e MIOTO, 2000; FERREIRA,
2001; MIOTO e KATO, 2002; HENRIQUES, 2008) do que por funcionalistas (DIK,
1979, 1981; NOONAN, 1985; GORSKI, 2008; MITTMANN, 2006; SERDOBOSKAYA, 2006;
GARCIA VELASCO, 2013). Resumidamente, o fenômeno é definido como a ocorrência,
nos limites de uma oração matriz, de SN que, semanticamente, é termo argumental
do predicado encaixado, este, geralmente, expresso na forma de infinitivo.
Apesar de preservação do termo “alçamento”, sob perspectiva
funcional, o fenômeno não deve ser concebido como resultado de transformação de
uma configuração básica em outra derivada. As seguintes partes estruturam a
apresentação deste fenômeno: (i) definição de alçamento; (ii) aproximação e distanciamento
de fenômenos, como topicalização, deslocamento à esquerda, “equi-deletion”; (iii) tipos de
alçamento no PB, com base em pesquisa de córpus; (iv) produtividade do fenômeno
no PB; (v) proposta de parâmetros para uma análise funcionalista, integrando
morfossintaxe, semântica e pragmática. (Proc. CNPq 305264/2011-7).
2. Mariangela
Rios de Oliveira (UFF)
Título: Pronomes locativos e seu uso em
padrões construcionais Verbo e Locativo
Resumo: Na atual vertente dos estudos
funcionalistas, nomeados como “linguística
centrada no uso”, conforme Bybee
(2010) e Traugott (2012; 2008), entre outros, ganham destaque as pesquisas
voltadas para o tratamento construcional da gramática, no nosso caso, para a
correspondência de propriedades de forma e sentido que caracterizam os padrões
de uso do português (Goldberg, 2006; 1995; Croft, 2001). Assim orientados,
temos investigado expressões nominais e verbais integradas pelos pronomes
locativos aqui, aí, ali, lá e cá, que funcionam respectivamente como
instanciações, ou tokens, das macroconstruções: a) nominal atributiva SNLoc
(como um menino aí, meu amigo aqui); b) conectora textual LocV (como aí está,
lá vai); c) marcadora discursiva VLoc (como vamos lá, espera aí). Como
resultado de nossa investigação, temos constato que cada uma das três
construções se situa num nível da escala gramatical da língua, assim: a) SNLoc
ainda se encontra no plano lexical, uma vez que o SN nesse padrão ainda
conserva sua natureza prototípica nominal e o locativo, no referido contexto, atua
à semelhança de um determinante atributivo; b) LocV se encontra em estágio mais
avançado da escala gramatical, configurando-se como caso de gramaticalização,
uma vez que o arranjo formado pelo locativo e o elemento verbal se une de tal
modo que forma um novo e complexo elemento funcional, de natureza conectora; c)
Vloc se situa em plano mais avançado ainda na gramática da língua, já que seu
papel é basicamente o de marcação discursiva, no cumprimento de função no nível
pragmático, já distanciado, assim, do nível sintático. Além desses três padrões
de uso, temos ainda investigado outras formações, também integradas por
locativos, como as microconstruções daí que, lá pra SN e pra lá SPrep.
Interessa-nos também a detecção de contextos motivadores, de ambientes
sintático-semânticos forjadores das condições necessárias para o
desenvolvimento dos padrões construcionais em estudo, nos termos de Diewald
(2002), nomeados de atípicos e críticos, e de Heine (2002), chamados de
contextos ponte. Assim fazendo, vinculamos a pesquisa gramatical mais estrita
com a pesquisa mais ampla, de cunho pragmático-discursivo.
3. Janice Helena
Silva de Resende Chaves Marinho (UFMG)
Título: A conexão do discurso numa
abordagem modular
Resumo: O estudo da conexão, que envolve a
consideração dos conectores e das relações de discurso, ocupa importante lugar
nas investigações sobre o texto e o discurso, uma vez que tem a ver com o
fenômeno da articulação, um dos requisitos fundamentais para a textualização de
qualquer produção linguística. Sendo assim, o objetivo geral desta pesquisa é,
dando continuidade ao estudo de conectores e de expressões conectivas realizado
em projetos anteriores, analisar textos publicados em jornais brasileiros, em
que prevalece o tipo textual argumentativo e nos quais se encontram expressões
que atuam ou parecem atuar na conexão, do ponto de vista da forma organização
relacional do discurso. Segundo o Modelo de Análise Modular do Discurso, essa
forma de organização trata das relações ilocucionárias e interativas existentes
entre os constituintes textuais e informações estocadas na memória discursiva,
bem como do papel dos conectores na sinalização ou no estabelecimento dessas
relações. A análise de textos nessa forma de organização se faz em duas etapas.
Na primeira etapa, combinam-se informações sobre os constituintes do texto e as
relações hierárquicas que os unem com informações lexicais e sintáticas
relativas aos conectores ou expressões conectivas presentes nos textos (ou que
neles possam ser inseridos visando-se a explicitação das relações textuais). Na
segunda etapa da análise relacional, busca-se a depreensão da relação única e
específica que possa existir entre um determinado constituinte textual e uma
informação de ordem contextual. Ou seja, nessa segunda etapa, com base nas
propriedades inferenciais dos conectores ou das expressões conectivas
analisadas, as quais oferecem instruções sobre como tratar as informações por
eles conectadas e sobre as implicações contextuais inferíveis dos segmentos linguísticos
em que se encontram, busca-se descrever cada uma das relações específicas. A
ideia que se defende é que a presença de um conector ou de uma expressão
conectiva num segmento linguístico permite ao interlocutor/leitor precisar o
estatuto discursivo do constituinte por ele introduzido, assim como o guia na
constituição do contexto de interpretação. Para tanto, se faz fundamental a
depreensão das propriedades dos conectores e das expressões conectivas bem como
a definição das instruções que elas oferecem à interpretação das relações.
Nesta comunicação, busco tratar das propriedades das expressões “na verdade”,
“com efeito” e “aliás”, a partir de seu uso nos textos jornalísticos,
considerando estudos sobre marcadores discursivos, desenvolvidos sob diferentes
perspectivas (sintática, semântica, funcional). As análises desenvolvidas até
então apontam que essas expressões atuam de fato na conexão, funcionando, nos
textos, como marcadores reformuladores, que apresentam uma nova formulação do
discurso anterior.
4. Erotilde Goreti
Pezatti (UNESP)
Título:
Ordenação de operadores e modificadores de subatos no português dos séculos
XVIII, XIX e XX
Resumo: O projeto tem como proposta
investigar a ordenação de operadores e modificadores de Subatos no português
brasileiro, tomando como suporte teórico a Gramática Discursivo-Funcional,
desenvolvida por Hengeveld e Mackenzie (2008). O objetivo principal consiste em
investigar os princípios que norteiam a ordenação desses constituintes no
português dos séculos XVIII a XX, e, como objetivo secundário, verificar se
houve mudança na colocação desses constituintes nesses três séculos. Subjazem a
este estudo as hipóteses 1) de que os operadores assumem sempre a posição
inicial (PI) do sintagma; 2) já a posição do modificador depende da posição que
o sintagma por ele escopado ocupa na Oração. Disso resultam ainda duas outras
hipóteses: 3) o modificador assume a posição final (PF) do sintagma, se o
sintagma modificado estiver à esquerda do predicado (PM); 4) assumirá, no
entanto, a posição inicial do sintagma, se o sintagma modificado ocupar a
posição medial (PM), ou a posição à direita de PM. Para tanto, tomam-se como
universo de pesquisa ocorrências extraídas do corpus do Projeto para a História
do Português Brasileiro, que se encontra catalogado na Plataforma de Corpora,
disponibilizada na página https://sites.google.com/site/corporaphpb.
5. Márcia
Teixeira Nogueira (UFC)
Título: Relato de pesquisas do Grupo de
Estudos em Funcionalismo da UFC
Resumo: Esta comunicação é um breve relato
das pesquisas abrigadas no projeto Gramática, Discurso e Cognição: projeto
integrado de descrição e análise linguística, desenvolvidas, no triênio, por
integrantes do Grupo de Estudos em Funcionalismo (UFC/CNPq), no âmbito do
Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFC. Com delimitação de tema,
problemas, hipóteses e objetivos específicos, cada pesquisa filia-se ao projeto
integrado por assumirem pressupostos teórico-metodológicos funcionalistas.
Nesta comunicação, pretendo informar apenas os resultados gerais das pesquisas
desenvolvidas por mim, coordenadora do projeto, e por alunos da Pós-Graduação
em Linguística da UFC que estiveram sob minha orientação no triênio. Na
pesquisa A aposição não-restritiva em elocuções formais do português oral culto
de Fortaleza, foram analisadas construções apositivas não-restritivas na fala,
em inquéritos do tipo EF (Elocução Formal), do português culto de Fortaleza. No
período de 2012 a 2013, foram concluídas, defendidas e aprovadas duas teses de
doutorado - A expressão da evidencialidade no português escrito do século XX no
contexto de gêneros textuais, de Izabel Larissa Lucena Silva; e Uma Análise da
colaboração intraturno na construção dos enunciados da norma oral popular da
cidade de Fortaleza, de Klébia Enislaine do Nascimento e Silva; e uma
dissertação de mestrado - A expressão da modalidade como estratégia
argumentativo-persuasiva na comunidade discursiva digital: uma análise da
manifestação da modalidade na seção comentários do web-jornal O Povo, de Erasmo
de Oliveira Freitas. A tese de doutorado intitulada As manifestações
evidenciais no material didático impresso para alunos de EAD, de Ana Silvina Ferreira
Fonseca (DINTER/UFC-UFMA) tem a defesa prevista para o dia 16 de dezembro de
2013. Estão em fase de análise e discussão dos resultados e redação final da
tese as seguintes pesquisas de doutorado: Uma análise funcionalista das orações
pseudorrelativas modalizadoras, de Ana Paula Silva Vieira Trindade, e a
gramaticalização e lexicalização do item "tomar", de Lavínia
Rodrigues de Jesus. Ambas concluíram, no período, estágio no Exterior
(“sanduíche”), respectivamente, sob a orientação do Prof. Dr. Lachlan Mackenzie
(ILTEC - Lisboa) e Profa. Dra. Amália Mendes (Universidade de Lisboa). Também
se encontra em fase de conclusão a pesquisa de mestrado intitulada O processo
de gramaticalização dos advérbios em mente, em especial os focalizadores, no
português dos séculos XIII, XVI e XX, de Emanuela Monteiro Gondim. Encontra-se
em desenvolvimento, nesse período, a pesquisa O processo de gramaticalização e
lexicalização das construções com o verbo “botar” na língua portuguesa de
Juliana Geórgia Araújo Gonçalves. Os projetos de pesquisa das doutorandas
Rosângela do Socorro Nogueira de Sousa (O chamado aposto de oração no português
brasileiro contemporâneo: descrição e análise sob a ótica da GDF), Tatiana
Maria Silva Coelho Lemson (Aposições restritivas no português contemporâneo) e
José Álber Campos Uchoa (Formulação e codificação do sintagma nominal)
encontram-se em fase de elaboração e qualificação.
6. Roberto Gomes
Camacho (UNESP)
Título:
Diacronia do SN: estrutura e processos constitutivos
Resumo: Este projeto pretende se debruçar
sobre os nomes, mas não somente como classe de palavras, mas, sobretudo como
núcleo de um SN. Particularmente, pretende-se enfocar o SN em diferentes fases
da história do português, buscando correlações significativas entre funções
tipicamente semântico-pragmáticas e codificação morfossintática, como parte do
Projeto para a História do Português Brasileiro (PHPB). Uma implicação direta
desse objetivo está na questão sobre a que de fato se referem os SNs. Num
arcabouço funcionalista como a Gramática Funcional (DIK, 1999) e a Gramática
Discursivo-Funcional (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008), SNs são expressões
referenciais, mas as entidades a que eles se referem não são entidades do mundo
físico externo, não coincidem necessariamente com as propriedades de seu
correlatos no mundo externo. As entidades a que SNs se referem são, antes de
tudo, representações mentais de entidades que são criadas, estocadas e
retomadas na mente dos participantes da fala. Outra implicação é que não há
consenso geral entre os tipologistas sobre o que constituem as classes de
palavras, principalmente diante da séria dificuldade de definir classes de um
modo universal e, portanto, independente de línguas particulares. Pode-se por
em dúvida mesmo a existência das classes tradicionalmente identificadas nas
línguas indo-europeias, quando submetidas ao escrutínio tipológico. Como,
portanto, é difícil saber que tipo de SNs estão contidos nos textos que
representam diversas fases da história do português, é teoricamente plausível
adotar, como fazem os tipologistas, uma definição de classe de palavra que seja
o mais independente possível da gramática particular do português de cada
período delimitado atitude metodológica que propicia distanciar-se da forma para
focalizar funções. Este projeto adota, portanto, a classificação adotada por
Croft (2000) e Hengeveld (1992) justamente pelo grau de abrangência e de
universalidade de que é dotada e, portanto, mais desligada das vicissitudes de
uma gramática particular ou, neste caso, de uma fase particular da história da
língua portuguesa. Um conceito-chave introduzido por Rijkhoff (2002) é o de
aspecto nominal ou Seinsart, formulação paralela à de Aktionsart, ou aspecto
inerente. No entanto, enquanto o aspecto verbal tem a ver com a dimensão
temporal, o aspecto nominal tem a ver com a dimensão espacial. Segundo Rijkhoff
(2002) a Seinsart se define como aspecto lexicalmente inerente indicando como
um nome é representado na dimensão espacial em termos dos traços Forma física e
Homogeneidade. Já o aspecto nominal se identifica com a expressão
flexionalmente codificada desses mesmos traços. A pesquisa pretende debruçar-se
sobre o substantivo com base em sua função de núcleo do SN, privilegiando,
portanto, a estrutura e os processos constitutivos que organizam o SN como um
todo. A proposta de análise prevê o levantamento dos seguintes aspectos de
acordo com as fases da história do português postuladas pelo PHPB: i)
Classificação do núcleo nominal de acordo com suas propriedades aspectuais
(Seinsart), conforme os traços [+/- forma física] e [+/-homogeneidade]; ii)
correlações entre a natureza das propriedades aspectuais do núcleo nominal
(Seinsart) e os processos de restrição do referente que definem as camadas da
Qualificação, da Quantificação e da Locação.
7. Maria Angélica
Furtado da Cunha (UFRN)
Título: A construção de movimento causado
Resumo: A construção de movimento causado
Uma tese central da Gramática de Construções, tal como formulada por Fillmore
(1988) e Goldberg (1995), entre outros, é que as orações básicas são instâncias
de construções, pareamentos de forma-significado que não dependem de verbos
particulares. Significa que as próprias construções têm significado,
independentemente das palavras que as constituem. Esse entendimento é
compartilhado por diferentes linguistas que adotam a abordagem construcional.
Nessa linha, Bybee (2010) defende a ideia de que a maioria das construções é
parcialmente esquemática, com posições vazias que podem ser preenchidas com uma
categoria de itens semanticamente definidos. Por outro lado, ela salienta que
as construções geralmente têm algumas partes fixas que são cruciais para o
estabelecimento do exemplar prototípico. As construções de estrutura
argumental, que expressam cenas dinâmicas do mundo biossocial, são uma
subclasse especial de construção que fornece os meios de expressão oracional em
uma língua. Seguindo essa abordagem, o objetivo deste trabalho é examinar a
Construção de Movimento Causado e suas possibilidades de instanciação em textos
de língua falada e escrita. De acordo com Goldberg (1995), as construções estão
tipicamente relacionadas a uma família de sentidos associados mas distintos,
formando uma rede. Este parece ser o caso da construção tratada aqui. Em termos
de metodologia, a fonte dos dados empíricos é o Corpus Discurso & Gramática
? a língua falada e escrita na cidade do Natal (FURTADO DA CUNHA, 1998), do Rio
de Janeiro (VOTRE; OLIVEIRA, 1998a) e de Niterói (VOTRE; OLIVEIRA, 1998b). Foram
examinados dois padrões discursivos (ÖSTMAN; FRIED, 2005): narrativas e relatos
de procedimento, produzidos por estudantes do ensino médio e universitários. A
análise conjuga elementos quantitativos e qualitativos na investigação da
Construção de Movimento Causado.
8. Edvaldo Balduino
Bispo (UFRN)
Título:
Orações relativas no PB em perspectiva histórica
Resumo: Apresento, nesta sessão, resultados
parciais de minha pesquisa sobre as estratégias de relativização do Português
Brasileiro em perspectiva histórica. Nessa pesquisa, busco verificar o momento
aproximado de implementação das estratégias não padrão (cortadora e copiadora)
no PB bem como analisar aspectos semânticos, cognitivos e
discursivo-pragmáticos envolvidos na recorrência a uma ou a outra forma de
construção relativa, seja canônica ou não. Integrante do Projeto para a
História do Português Brasileiro (PHPB), este trabalho toma como amostra parte
do corpus mínimo do PHPB, ainda em constituição. O suporte teórico é o da
Linguística Funcional Centrada no Uso, conforme caracterizado em Furtado da
Cunha, Bispo e Silva (2013), a qual reúne contribuições da Linguística
Funcional norte-americana, de inspiração em Givón, Bybee, Thompson, Traugott,
Hopper, para citar alguns, da Linguística Cognitiva, a exemplo de Langacker,
Lakoff e Jonhson, e da Psicolinguística, como Tomasello e Taylor. Os achados
são provenientes de levantamento de dados referentes às seções Rio de Janeiro,
Bahia e Pernambuco do PHPB e apontam o uso de estruturas relativas não padrão
desde a primeira metade do século XVIII.
9. Camilo Rosa Silva (UFPB)
Título: A gramaticalização do agora em
funções opositivas
Resumo: O artigo toma o item agora como
objeto de estudo, focalizando sua presença em recortes de língua falada e de
escrita, com o objetivo de identificar as várias funções e nuanças de
significado, que vão pontuando seus usos em contextos diversos. O objetivo
consiste em descrever e analisar a trajetória do agora, sabidamente, um item de
origem adverbial, mas que vem sendo acionado no exercício de funções
relacionais. Os dados são coletados no corpus do projeto Discurso &
Gramática: a língua falada na cidade do Natal (FURTADO DA CUNHA, 1988). Os
recortes analisados constituem usos em que se revela a função opositiva,
sinalizando uma tendência à gramaticalização (GIVÓN, 1995) do agora em função
conectiva em contextos explicitamente opositivos, mas com indícios de ativação
de funções discursivas relacionadas à interação.
10. Vânia Cristina
Casseb Galvão (UFG)
Título:
Postulados da teoria de construções aplicados a estudos de gramaticalização
Resumo: Estudos de gramaticalização ainda
são produtivos para o português do Brasil, especialmente aqueles que
verticalizam aspectos cognitivos relativos à constituição de novos significados
a partir de velhas formas, mas que envolvem complexos estruturais como
sintagmas, mini-orações e orações, estruturas que estão a serviço da expressão
da intersubjetividade. Por isso, os postulados da Teoria (Clássica) da
Gramaticalização (TCG) são insuficientes para fazer um mapeamento dos novos
usos nesse domínio, haja vista que prioriza o estudos de itens e termos, e,
conforme se vem desenvolvendo no âmbito do GT Descrição do Português, alguns
princípios da Teoria das Construções são relevantes para descrever esse tipo de
processo de constituição linguística. Isso não significa, no entanto,
reconhecer que Construções e Gramaticalização sejam mutuamente dependentes ou
sejam sempre inter-relacionadas, mas há necessidade de uma reflexão mais detida
sobre alguns postulados da Teoria das Construções e sua validade como aporte
auxiliar para a TCG, e que envolvem, por exemplo, a constituição do
significado; a não previsibilidade da estruturação entre os componentes da
construção; as generalizações no nível da estrutura do predicado, entre outros.
11. Ivo da Costa do
Rosário (UFF)
Título:
Mudanças construcionais na correlação aditiva
Resumo: Segundo Hopper & Traugott
(1997), "todas as línguas têm dispositivos para interligar as cláusulas no
que chamamos de períodos complexos". Esses mecanismos de ligação
intersentencial diferem radicalmente de uma língua para outra, desde
construções justapostas razoavelmente independentes até construções retóricas
dependentes e complexas. Os autores propõem a existência de três pontos de
aglomeração: a parataxe, a hipotaxe e a subordinação. Esses três processos
expressam um crescendum de integração, e, certamente, envolvem entre um ponto e
outro variadas estratégias de integração clausal. Quanto à correlação, verificamos
asserções esparsas na literatura linguística, o que de per si já justificaria
um estudo mais aprofundado sobre o assunto. Segundo Rosário (2012), a correlação
pode ser definida como uma “construção sintática prototipicamente composta por
duas partes interdependentes e relacionadas entre si, encabeçadas por
correlatores, de tal sorte que a enunciação de uma (prótase) prepara a
enunciação de outra (apódose)”. Como esse processo é normalmente preterido
pelos gramáticos e por outros estudiosos, intentamos analisá-lo à luz da
linguística funcional centrada no uso, sob o escopo da gramática das
construções. Em termos metodológicos, nossa pesquisa persegue, em um primeiro
momento, um viés estritamente teórico. Em um segundo momento, aplicamos o
instrumental teórico adotado ao corpus, que é formado por discursos políticos,
fortemente argumentativos, extraídos do site da Assembleia Legislativa do
Estado do Rio de Janeiro, no ano de 2009. O diálogo a ser travado entre
correlação e gramática das construções, no campo da linguística funcional
centrada no uso, permitirá uma tipologização das correlatas aditivas em micro,
meso e macro-construções (cf. TRAUGOTT, 2010). Nossos resultados apontam para
um uso bastante especializado das construções correlatas, inseridas em
contextos com alta carga de argumentatividade. Nosso objetivo, em síntese, é
descrever e analisar essas construções, buscando suas especificidades e
peculiaridades, distinguindo a coordenação aditiva da correlata aditiva, como
processos distintos.
12. Juliano
Desiderato Antonio (UEM)
Título: Panorama da análise gramatical e
discursiva na Universidade Estadual de Maringá sob a perspectiva da Rhetorical
Structure Theory
Resumo: Parte da produção da linha de
pesquisa Descrição Linguística do Programa de Pós-Graduação em Letras da
Universidade Estadual de Maringá (UEM) tem forte orientação funcionalista, na
perspectiva da Rhetorical Structure Theory. A RST é uma teoria descritiva que
tem por objeto o estudo da organização dos textos, caracterizando as relações
que se estabelecem entre as partes do texto. Um dos princípios da teoria é que
as relações retóricas que se estabelecem no nível discursivo organizam desde a
coerência dos textos até a combinação entre orações. No nível discursivo, é uma
ferramenta de análise da Linguística de Texto, apresentando grande utilidade na
descrição da superestrutura de diversos gêneros textuais. Além disso, a RST se
filia à Linguística Funcional no que tange ao estudo da combinação de orações,
descrevendo relações que se estabelecem entre as orações na microestrutura
textual. Neste trabalho, pretende-se apresentar, conforme orientação da
coordenação do GT Descrição do Português da Anpoll, “temas/resultados de
pesquisa oriundos de seus projetos e/ou de projetos de seus orientandos de PG”.
Os projetos de pesquisa docente e dos pós-graduandos se desenvolvem, em geral,
a partir do corpus de língua falada do Grupo de Pesquisas Funcionalistas do
Norte/Noroeste do Paraná (Funcpar), formado por aulas de curso superior e
entrevistas. Os informantes do corpus são professores de curso superior
naturais de Maringá ou residentes na cidade há pelo menos 10 anos. Minhas
pesquisas têm se concentrado em investigar outros meios de sinalização das
relações retóricas além de conectivos e marcadores discursivos. Esse tem sido
um dos maiores campos de investigação na RST atualmente, uma vez que o
reconhecimento das relações não depende exclusivamente de marcas formais
explícitas como os conectores. Os meios de sinalização das relações mais recorrentes
encontrados no corpus foram fenômenos intrínsecos à língua falada (repetição,
parafraseamento, correção, parentetização), conceito positivo em relação ao
conteúdo do núcleo que o falante pretende criar no destinatário do texto, tempo
e aspecto verbais, modo da oração, tipo de combinação entre orações, modo da
oração, tipo de entidade, factualidade e pressuposição. Grande parte dos
trabalhos desenvolvidos sob minha orientação também têm tido esse foco, como as
dissertações de mestrado de Marília Gabriela Rúbio, que investigou as relações
estabelecidas por orações paratáticas aditivas e por orações paratáticas
justapostas; de Deise Vieira dos Santos, que investigou as relações sinalizadas
pelo marcador discursivo então; de Fernanda Trombini Rahmen Cassim, que
investigou as relações sinalizadas pelas estratégias de correção e de
parafraseamento; de Fernando Sachetti Bonfim, que investigou a gramaticalização
do item assim, utilizando a RST para descrever as relações estabelecidas por
esse item quando funcionando como marcador discursivo. Alguns trabalhos têm
sido realizados também no âmbito da língua escrita. O trabalho de Jackline
Altoé dos Santos procurou não apenas descrever a superestrutura do gênero
resposta argumentativa, mas também descrever como as relações entre orações na
microestrutura são sinalizadas em redações de candidatos ao vestibular da UEM.
14. José Romerito
Silva (UFRN)
Título: A multifuncionalidade das
construções com AQUELE na perspectiva da linguística funcional centrada no uso
Resumo: AQUELE tem sido tradicionalmente
considerado, seja por gramáticos ou por linguistas, como um pronome
demonstrativo cuja função é servir, basicamente, como mostrador dêitico,
relacionado à situação enunciativa, ou como elemento anafórico, vinculado à (co)referencialidade
textual, conforme se verifica, por exemplo, em Almeida (1999), Cunha e Cintra
(2001), Azeredo (2010) e Bagno (2011). Entretanto, observamos usos desse
elemento, em diversos contextos, que escapam a essa dupla categorização.
Ademais, diferentemente das descrições convencionais, deve-se levar em conta o
fato de AQUELE inserir-se em um ambiente sintático-semântico mais amplo. Nesse
sentido, esse item compõe, com seus constituintes adjacentes, um todo,
configurando um sintagma nominal complexo. Ainda outra questão referente a esse
item tem a ver com seu deslizamento semântico e ambiguidade categorial
verificados em determinadas ocorrências. Sendo assim, neste trabalho,
pretende-se examinar os usos de AQUELE em variadas construções, considerando suas
múltiplas especificidades formais e funcionais. Como material de análise,
utilizam-se textos de diferentes gêneros discursivos, nas modalidades falada e
escrita. O suporte teórico-metodológico adotado é a Linguística Funcional
Centrada no Uso, que incorpora em seus estudos contribuições da Gramática de
Construções, na linha de autores como Barlow e Kemmer (2000), Bybee (2010),
Hoffmann e Trousdale (2011), Traugott (2012), Furtado da Cunha et al. (2013),
entre outros.
Embora nem todos os resumos acima
tenham seguido, na sua elaboração, o roteiro referido na seção 1.6., todos os
autores, em suas exposições, obedeceram à sugestão da Coordenação contida no
roteiro, avaliando-a positivamente.
3. Reunião dos
Coordenadores de GT
A reunião de Coordenadores de GT
ocorreu no dia 10/06/2014, das 19h30 às 21h30. Em vista de a Coordenadora do
GTDP ter tido de participar, no mesmo horário, de reunião dos Coordenadores de
PG, participou da reunião de Coordenadores de GT o Vice-coordenador do GTDP. A reunião teve como pontos de pauta: 1.
Proposta de alteração de nome da Área de Letras, Linguística e Artes; 2.
Proposta de redefinição das Subáreas; 3. Proposta de Comissão e de temas
para a elaboração de plataforma de
pesquisa da Área, a ser apresentada ao CNPq.
Sobre o item 1, caloroso debate foi
iniciado por parte de Coordenadores de GT ligados à Linguística Aplicada (LA),
que, a partir de documento enviado pelos Programas de PG em LA da Unicamp e da
UFRJ, defendem a revisão de nome da Área junto ao CNPq, para inclusão da LA,
estratégia que, segundo eles, visa a dar mais visibilidade à Área. Houve ainda
a proposta de que a LA figure como Área nos Comitês Assessores do CNPq. Foi
lembrado por vários dos participantes que a discussão desse tema não é nova e
já fora enviada pela Diretoria da ANPOLL (Gestão 2004-2006) ao CNPq, que a
julgou improcedente, conforme está registrado no livro “30 anos da Anpoll”,
lançando durante o evento. Ponderações sobre esse ponto de pauta foram feitas
por parte de Coordenadores de GT de outras subáreas ou linhas, como a de
Literatura e de Tradução, que reivindicaram que qualquer proposta de alteração
de nome deve manter certo equilíbrio de representação entre as Áreas. Decorrida mais de uma hora de discussão, a
assembleia deliberou por remeter à
Assembleia Geral da ANPOLL proposta de composição de Comissão, com agenda e
prazos determinados para o encaminhamento do assunto, envolvendo consulta a
todos os GTs da Anpoll.
Foi deliberado que o item 2 da pauta
seja incorporado ao item 1. Assim, deverá ser tratado conjuntamente com a
proposta de discussão de revisão da denominação da Área.
Sobre o item 3 da pauta, na mesma
direção do encaminhamento dado aos dois primeiros itens, foi deliberado que
seja remetida à Assembleia geral da ANPOLL a
proposta de instituição de Comissão para tratar da elaboração de uma plataforma
de pesquisa, com grandes temas de relevância social, a ser encaminhada pela
ANPOLL ao CNPq, a exemplo de grandes temas de outras áreas, como “Água”,
“Saúde”, “Satélites” etc, que têm propiciado a divulgação de editais com
chamadas específicas para a proposição de grandes projetos de pesquisa. Foi sugerido que a Comissão a ser instituída
proponha plataforma de pesquisas envolvendo os seguintes temas: 1. Mapeamento
de línguas indígenas do Brasil; 2. Leitura e escrita (na linha de alfabetização
e letramento); 3. Mapeamento da tradução no Brasil.
A assembleia encerrou-se às 22h00.
4. Rumos e perspectivas do
GTDP: planejamento para o biênio 2014-2016
Sobre os rumos e perspectivas para o
GTDP no próximo, último ponto de pauta da reunião geral, os membros do GTDP propuseram
encaminhamentos para os seguintes temas, a partir da pauta proposta pela
Coordenação:
4.1. Aprimoramento e
dinamização do blogue
A Coordenação deve dar continuidade
ao aprimoramento e dinamização do blogue do GTDP, incluindo nele linques para
páginas de projetos de pesquisa específicos desenvolvidos por membros do GTDP e
para banco de dados do português disponíveis na internet.
Além disso, deve estar mais bem esclarecido no blogue o perfil do GTDP e de
suas áreas temáticas, de modo a conferir maior identidade entre seus
membros. Para tanto, foi sugerida a
elaboração de uma ementa mínima na qual conste o perfil tanto para o GTDP
quanto para suas áreas temáticas. Para o
primeiro caso, o Prof. Roberto Camacho (UNESP) apresentou a seguinte proposta,
lida, aprimorada e aprovada pelos membros do GTDP presentes à reunião:
Perfil
do GTDP
O
GT “Descrição do Português” reúne estudos voltados para a descrição funcional
do português, o que pressupõe um tratamento de categorias e funções
morfossintáticas e fonológicas diretamente vinculadas a motivações de ordem
semântica, discursivo-pragmática e cognitiva.
Sobre o perfil das atuais áreas
temáticas, ficou deliberado que se proceda a uma revisão dessas áreas, a partir
de consulta aos membros do GTDP, para então se pensar na elaboração de uma
ementa com seus respectivos perfis.
4.2. Proposta de participação
mais ativa de pós-graduandos junto ao GTDP
Conforme destacado na última assembleia do GTDP,
realizada durante o XXVIII ENANPOLL, ainda que pós-graduandos não possam ser
considerados, pelo estatuto da ANPOLL, membros efetivos de GT, havia o entendimento
de que sua participação seria fundamental para a inovação e renovação
científica da área e de que tal participação concorreria para vincular a atuação dos pesquisadores do GTDP
no âmbito de seus programas de PG, uma vez que, cada vez mais, a atividade de
pesquisa se realiza no contexto de grupos, de projetos desenvolvidos por
equipes, tal como ensejam a CAPES e o CNPq.
De acordo com tal entendimento, a meta para o
biênio 2012-2014 era a de fomentar a participação dos orientandos de
pesquisadores do GDPT, na condição de convidados. Como essa proposta não se
viabilizou, a Coordenação tomou a iniciativa de propor aos membros do GTDP que,
em suas apresentações individuais, fosse feita referência aos projetos de pesquisas
por eles orientados (concluídos e em andamento), da IC ao pós-doutoramento,
conforme roteiro explicitado na seção 1.6 acima.
Trazida novamente à discussão a proposta de abertura do GTDP à participação
mais ativa de orientandos de seus membros, para, em seguida, discutir-se como
seria essa forma de participação, a proposta foi recusada, tendo em vista
que o novo formato de funcionamento do GTDP proposto pela Coordenação e
implementado já nesse encontro foi julgado suficiente, conveniente e adequado
para dar a conhecer a atuação dos membros do GT junto aos seus respectivos
Programas de PG. Além disso, argumentou-se que o espaço do GTDP deve ficar
reservado mesmo para a interlocução e a troca de experiências entre professores
cadastrados em programas de PG, conforme preconizam os estatutos da Anpoll.
Sobre o assunto ainda, todos os membros foram
unânimes na explicitação de que essa
decisão não implica o impedimento de participação de pós-graduandos em
atividades do GTDP, mas somente não seria concedido a eles espaço na
programação dos encontros da ENANPOLL, tendo em vista, também, a limitação de
espaço na programação e a prioridade que deve ser dada aos membros efetivos.
4.3. Formas de articulação
com outros GTs
Em vista do relato apresentado no
item 1.4. do relatório, sobre o Encontro InterGTs que não se realizou, o GTDP
julgou que, no momento, sejam envidados esforços para a reestruturação interna
do GTDP, com a revisão de suas áreas temáticas, para, somente então, pensar-se
na articulação com outros GTs. No entanto, o GTDP deve continuar aberto ao
diálogo sobre novas propostas de articulação que partam de outros GTs.
4.4. Sugestões de
projeto(s) para o novo biênio
Visando não onerar ainda mais o
trabalho de pesquisa e de orientação dos membros do GTDP, foi destacada a
inviabilidade ou inconveniência da proposta de um projeto comum para o próximo
biênio, em torno, por exemplo, de tema de pesquisa, partilhamento de córpus etc.
No entanto, a partir das apresentações individuais, conforme seção 2, foi
possível apreender que existe um tema comum que perpassa todos os trabalhos
apresentados, embora nem sempre esse tema tivesse sido claramente explicitado,
qual seja: a diluição das fronteiras das
categorias com as quais cada membro vem trabalhando em suas pesquisas. Assim,
a sugestão em termos de projeto para o próximo biênio é que tanto nas pesquisas individuais quanto nas
pesquisas que os membros do GTDP orientam, essa temática seja claramente
explicitada, de modo a permitir, no próximo encontro, a proposição de um
trabalho de divulgação científica sobre “Descrição do Português”, que
explicite claramente a vocação funcionalista do grupo, identificada sobretudo
por esse tema.
4.5. Visibilidade ao
trabalho do GTDP e formas de articulação e de divulgação da produção intelectual
Como forma de dar maior visibilidade
ao trabalho do GTDP foi sugerido que a Coordenação (ou mesmo por iniciativas de
membros individuais) estimule a realização de encontros intermediários do GTDP
em evento próprio ou em outros eventos (como ALFAL, ABRALIN, GEL, GELNE etc) em
que o GT possa dispor de espaço próprio para seus membros.
Houve ainda a proposta de elaboração
de uma produção bibliográfica conjunta, no formato de coletânea, que apresente
os resultados de pesquisa dos membros do GTDP. Conforme apresentado no item 4.4., o tema geral da referida coletânea
seria justamente o continuum
categorial do português, a diluição de fronteiras das classes gramaticais da
língua, na perspectiva funcionalista, vertente teórica que orienta o trabalho
acadêmico de todos os membros do GTDP.
4.6. Eleição dos novos
Coordenadores do GTDP
Conforme pauta previamente
divulgada, a Coordenação consultou os membros presentes à reunião sobre
interesse em assumir a Coordenação e a Vice-coordenação do GTDP. Vários membros
sugeriram a continuidade dos atuais Coordenador e Vice, como forma de dar
continuidade ao trabalho de reestruturação do GTDP que vem sendo desenvolvido.
A proposta foi submetida à apreciação dos presentes e foi aprovada por
aclamação. Assim, continuam, respectivamente, como Coordenador e Vice do GTDP,
a Profa. Dra. Mariangela Rios de Oliveira (UFF) e o Prof. Dr. Sebastião Carlos
Leite Gonçalves.
Florianópolis
(SC), 11 de julho de 2014
Profa.
Dra. Mariangela Rios de Oliveira – Coordenadora
Prof.
Dr. Sebastião Carlos Leite Gonçalves – Vice-Coordenador
RELATÓRIO DAS ATIVIDADES DO BIÊNIO 2008-2010
RELATÓRIO DAS ATIVIDADES DO BIÊNIO 2006-2008
RELATÓRIO DAS ATIVIDADES DO BIÊNIO 2004-2006
RELATÓRIO DAS ATIVIDADES DO BIÊNIO 2002-2004
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